terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tu e o teu eu.

Caminhas sozinho nesta estrada de vida
é sozinho, fugitivo, que procuras a saída
e enquanto caminhas, a luz faz de ti ser objecto
faz de ti tudo, faz de ti nada em concreto
faz de ti feiticeiro com toda a artilharia
um simples mago distante de uma terra divina
és pobre de espírito, maldito contratempo
quando fazes da solidão o teu maior sustento
porque é aí que tu rezas baixinho ao pobre crucificado
para que ele te estenda a mão e se mantenha ao teu lado
mas calado reparas nessa tua triste convicção
de te manteres fechado, perdido na ilusão
de que alguém te tire desse mundo de fantasia
vives fugido do dia para que a noite te sorria
abres caminhos na escuridão para fugir à luz
porque na verdade tens medo quando esta te seduz

Constróis muros, fronteiras e barreiras anti-medo
és a personagem principal do teu próprio enredo
de uma história triste que sozinho suportas
dentro do cerco onde insistes não construir portas
onde trancas a sete chaves um futuro ainda incerto
não deixando ninguém pisar o teu lugar de afecto
onde te deixas levar por uma monotonia imparcial
que te corrói veia a veia de uma forma mortal
até ao dia em que a força da luz entrará no teu mundo
e te fizer render num segundo, eterno vagabundo
fugido da vida urbana, quando a dor te atinge o peito
e te leva num corredor que te parece suspeito
indica-te a saída, a tua morada, o teu novo lar
dá-te a razão da vida, quando a morte tentava chegar.




05/01/2009




.